Contas que não param de chegar, algumas relacionadas à compra de algo desnecessário. Atraso no pagamento de boletos cujos pagamentos são imprescindíveis. Dívidas que se acumulam. Descontrole financeiro, em resumo. Ninguém gosta de levar a vida dessa forma, mas a desorganização, às vezes, é tamanha, que se torna impossível viver de outra maneira. Para mudar, contudo, é preciso primeiramente assumir que há um problema, conscientizar-se a respeito das causas e depois pensar quais posturas devem ser adotadas para levar uma vida financeira equilibrada.
A educadora financeira Simone Sgarbi afirma que a vida financeira não melhora em um passe de mágica, sendo preciso mudar hábitos, reconstruindo-se em etapas. Nesse sentido, Simone recomenda que todo dia, um pouco antes de se deitar, a pessoa se questione a respeito do que fez para melhorar sua vida financeira naquele dia. “Caso nada tenha sido feito e ou as ações realizadas tenham culminado na piora da situação financeira, não sofra”, diz. Segundo a educadora financeira, deve-se aproveitar esse momento de fraqueza para refletir sobre as causas que levaram a falhar ou se omitir e fazer uma lista bem objetiva de ações que precisa adotar para conquistar seu objetivo.
Entre os hábitos importantes que devem ser assimilados visando a uma vida financeira mais equilibrada, saudável e feliz, a educadora financeira destaca quatro. São eles:
1 – Pagar-se em primeiro lugar
A maioria dos brasileiros tem um orçamento bem ajustado, em que depois de arcar com todas as despesas financeiras não sobra nada para o lazer ou para a realização de sonhos. Contudo, conforme Simone, nós seres humanos temos uma incrível capacidade de adaptação, sendo possível viver com um pouco menos do que imaginamos.
De acordo com a educadora financeira, pagar-se em primeiro lugar é inverter a ordem a qual nos habituamos de pagarmos todas as nossas contas para depois verificarmos se resta algo para investir. “Precisamos investir primeiro e viver com o quanto sobra”, afirma. Nesse sentido, a pessoa deve separar todos os meses uma quantia de seu salário para investimento, como se fosse mais um boleto a ser pago. “Pagamos muitos boletos mensalmente, a ideia é que um desses seja para si mesmo, para o futuro, para os seus sonhos”, comenta.
2 – Controlar o orçamento
Sem o mínimo de controle orçamentário, é impossível ter as finanças em ordem. E para controlar é necessário conhecer. De acordo com Simone, aquele que conhece o próprio orçamento na ponta do lápis consegue planejar-se melhor e tomar decisões mais rapidamente, a ponto de minimizar os gastos e aproveitar oportunidades quando essas aparecerem.
Segundo a educadora financeira, se a pessoa sabe o quanto pode gastar no cartão por semana, por exemplo, ela tem mais percepção de quando deve começar a maneirar naquelas compras não tão necessárias ou, ao contrário, quando pode se dar um pequeno luxo, sem causar estragos no orçamento. “Se está juntando dinheiro para uma viagem e pesquisando sobre ela, por exemplo, perceberá quando uma boa oportunidade aparecer”, diz
3 – Estudar um pouco sobre investimentos todos os dias
Sgarbi ressalta que historicamente as pessoas não foram educadas sobre o ponto de vista financeiro e que esta falta de conhecimento acaba servindo de barreira de modo a se aventurarem no universo dos investimentos financeiros. “Não crescemos ouvindo sobre investimentos. Por ser algo desconhecido, acaba parecendo arriscado demais, e a maioria de nós até foge deste assunto”, diz.
Mas, enfatiza Simone, investir em conhecimento é a melhor ferramenta para que as pessoas percam o medo de investir financeiramente, ainda mais levando em conta os desafios que a área oferece. “O vocabulário da área é novo e as regras são muitas de acordo com cada tipo de investimento. Assim, o ideal é estudar bastante, de preferência todos os dias, para aumentar o repertório, familiarizar-se com as notícias e fazer investimentos mais certeiros”, comenta.
4 – Fazer exercícios físicos
Não é segredo para ninguém que a prática regular de exercícios físicos traz benefícios à saúde mental e física das pessoas. Mas, o que talvez pouca gente saiba, é que, justamente por isso, ela também é importante para a saúde financeira, contribuindo para trazer o equilíbrio que falta visando à organização financeira.
“Fazer atividade física libera um combo de hormônios, entre eles a endorfina e a serotonina, responsáveis pela sensação de bem-estar e satisfação, o que serve de remédio natural contra aquela compra emocional, que fazemos quando algo não vai bem, por exemplo”, destaca a educadora financeira.
Fonte: Simone Sgarbi, educadora financeira.
Legenda: “Precisamos investir primeiro e viver com o quanto sobra”
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